Ao Nosso Jacky

É dificil começar algo que acabou à pouco. Definir a história, ultrepassar as fotografias, a carne, toda a matéria. Converter o sentimento em doçura e aprendizagem; esquecer o rancôr , não permitir mágua e caminhar esquecendo a ausência.
Certamente poderei encher um blog durante esta semana e todas as outras que se seguem, poderia também deixar para depois a explicação, a história de uma vida, a recriação da matéria, mas opto por me entregar agora, enquanto a razão ainda é tão distante , enquanto o cheiro se funde em mim para ser guardado, enquanto a terra que o cobre continua entranhada nos meus pés; o estômago vazio minimiza as minhas forças e os lábios secos são constantes.
Aceito a tua morte ainda assim não compreendo porquê que não estas aqui. Fazes-me falta correndo pela casa, enchendo a minha cama de pelos , o teu olhar meigo e profundo, a tua ingenuidade, o teu ronco.
Lembro a primeira vêz que o vi, facilmente descrevo o momento. ..........
O meu bebé.
E o momento do ajuste de contas.....as notas enroladas no bolso de tráz, as mãos tremulas, o capitalismo obrigatório.
É cruel ter de aceitar a situação. Sinto falta de um culpado. Alguém que assuma o estrago que dilacera o coração. Mas para quê? De que me serevirá um culpado?
Ao mesmo tempo sinto a necessidade de agir modesta e de respeitar as leis da vida. A partida e a chegada.
" Aceito a tua morte , mas não aceito a tua ausência " - Contraditório -
É isso que sinto, simplificando o meu sentir.
Os teus olhos brilhavam como nunca antes vi. Um cinzento escuro e translucido, uma enorme bola que em fitava em desespero. E a minha impotência.................
Agora todos choramos, sem dar algum proposito à tua "fuga".
Meu bebe.
A casa está sem dúvida mais vazia. Parece que me faltam moveis ou peças igualmente enormes. Parece tudo novo, tudo tão pouco. Um esperança qualquer apita por dentro. Estou bem, de repente choro. A televisão não me chega em pedido de consolo, não encontro nem meios de manipulação colectivos que me alcansem. Estamos distantes. Longe bem longe e tu não estas.
Talvêz tenhas cumprido tudo e por inveja , choramos a ausencia de tua camaradagem.
Ou talvêz sejas mais preciso noutro lugar qualquer, quem sabe.
A verdade é que não estás e sinto saudade do teu respirar.
E muito fica por dizer.